Questão de fé

Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus. Pois está escrito:

Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos instruídos.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Marcha para Jesus: o suspiro da sociedade oprimida.



Marcha para Jesus: o suspiro da sociedade oprimida.

O presente trabalho tem como objetivo analisar um fenômeno religioso sobre olhar teórico da sociologia. O objeto é analisar é a Marcha para Jesus um evento de grande proporção realizado pela Igreja Renascer em Cristo.
Segundo o endereço eletrônico da Marcha para Jesus[1], a Marcha tem como fundamento as pesagens bíblicas de Êxodo 14, Josué 6 e João 13:35, as passagens bíblicas do Antigo Testamento  falam de  peregrinação do povo hebreu até a terra prometida.  A passagem do evangelho Jesus declara que conhecerão os discípulos deles, se tiver amor um pelos outros. Segundo os organizadores a Marcha é uma oportunidade  de comunhão entre os membros de outra denominação.
De acordo com o relato no endereço eletrônico da Marcha, todos os anos a Marcha para Jesus têm revelado, em âmbito mundial, o poder da misericórdia  de Deus. Testemunhos de cura, libertação e restauração. 
Em 1897 ocorreu a primeira Marcha para Jesus, foi na cidade de Londres, tendo como líder o pastor Roger Foster, pelo cantor e compositor Graham Kendrick, e outros. A intenção da primeira Marcha era tirar era tirar a igreja  das quatro paredes  e mostrar que ela estava viva  e presente na sociedade .
Em 1989, mais de 45 localidades realizou a Marcha em todo o Reino unido, informação encontrada no endereço eletrônico,  na capital da Irlanda,  6 mil católicos  e protestantes  se reuniram  para Marcha.
Em 1990 a Marcha  se tornou um evento  de proporções continentais, ocorrendo em toda Europa, . Em 1992, a Marcha para Jesus  já se tornava  em um movimento mundial, chegando a América, África e Ásia. No Brasil a primeira Marcha foi realizada em 1993, ganhando proporções de pessoas em cada ano que passa, e em diversas cidades do mundo a Marcha reúne milhares de pessoas.
A Marcha para Jesus ocorre todo ano em varias cidades do mundo, é um ato pacifico, onde a igreja tem o objetivo de mostrar que ela faz presença na sociedade. As pessoas que participam da marcha para Jesus são de todas as idades, onde elas se manifestam de diversas maneiras com faixas, bandeiras roupas colorida uma demonstração de felicidade e demonstrando para as pessoas que elas estão ali para mostrar o amor de Deus e a alegria de ser um crente participante.
O projeto de Lei de autoria do Senador Marcelo Crivella, que institui o dia da Marcha para Jesus, foi aprovada pela comissão de Justiça e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 3 de setembro de 2009. A Lei tem como objetivo oficializar o evento, que já acontece regularmente em diversas cidades brasileiras, com respaldo de leis municipais. De acordo com a Lei, o Dia Nacional da Marcha para Jesus, será comemorado, anualmente no primeiro sábado subseqüente  aos sessenta dias após o Domingo de Páscoa, o Projeto foi publicado no Diário Oficial da União em 04 de setembro de 2009.
A Marcha para Jesus não é apenas uma passeata pelas ruas da cidade, mas no evento acontece apresentação musical com artistas, e cantores evangélicos Gospel pregações de pastores e orações. No memento da Marcha é realizado os chamado ato profético, através de orações e de palavras de benção os fieis acreditam tomar posse da cidade, adquirindo o símbolo de tomada de posse da nação. Esse ato é a luta contra o mal, a chamada batalha espiritual, derrotando o mal que está na cidade e entregando a cidade para Deus.
O grande número de cantores evangélicos, a participação de vários artistas gospel, e a mensagem atual pregada na Marcha, atraem crentes de todas as denominações, até mesmo católicos como mostra o endereço eletrônico do evento. A marcha para Jesus é antes de qualquer coisa um atrativo de rebanhos principalmente de jovens, a tração proposta pelos organizadores da Marcha, neste caso a Igreja Renascer em Cristo sobre liderança do Apostolo Esteves Hernandes e da sua esposa Sônia Hernandes.
A Igreja Renascer em Cristo, através da Marcha para Jesus usa está marcha como meio de propagar e atrair fiéis.  A idéia de tirar igreja do meio de quatro paredes é apresentar as pessoas um modelo a ser experimentado de religião.
Para fazer uma analise sociológico da religião será utilizado o embasamento teórico de Karl Marx. Marx foi economista, sociólogo, historiador teórico e politípico, foi fundador da doutrina comunista. Interessou-se com mais fervor  pela temática religiosa  nos primeiros anos de sua  atividade  intelectual , assunto que mais tarde aparece em sua obra  apenas sobre forma  de afirmações  esparsas , fato que  de modo algum  designa  uma postura menos  critica  deste autor da religião. Seu trabalho perpassa por um recorte econômico social, via analise  da estrutura de classe  e de suas relações  na produção de capital.
Numa primeira fase de sua crítica a religião, Marx segue basicamente o pensamento de outro autor alemão Feurbach. Na analise da religião Marx  diz que o homem  não é um ser  abstrato,  fora do mundo. O homem  é o mundo dos homens, o Estado, a sociedade. Este Estado, esta sociedade, produzem a religião, uma consciência invertida do mundo, porque é um mundo invertido. A religião não é originaria, mas produto de um mundo dividido.  A miséria religiosa é, de um lado, a expressão  da miséria real e,  de outro, o protesto contra a miséria  real.
Para Marx a religião e o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, assim como é o espírito de uma situação carente de espírito.
Marx chegou a dizer que a religião é o ópio do povo, para ele o homem alienado gera  a necessidade  da religião.  O homem busca na religião como ópio de que precisa  para suportar a divisão, a miséria real.
Marx após tratar a religião como ópio do povo, na sua obra Ideologia Alemã, Marx considera na religião como ideologia. Para ele a religião é o reflexo ilusório, fantástico, das relações de dominação de classe, de exploração, as idéias  religiosas  exprimem, justificam  e escondem  a realidade  da dominação. A religião é ideologia, falsa consciência.
Para Marx o mundo religioso é o reflexo do  mundo real. A religião neste sentido não desaparecera como fruto de uma luta anti-religiosa, mas como efeito da transformação social.
Marx afirma que a religião não terá mais razão de ser enquanto a vida social aparecer como obra de homens livremente associados, agindo conscientemente e mestres de seu próprio movimento.
As teorias sociais de Marx serão aqui utilizadas para fazer uma analise da Marcha para Jesus. A Marcha pra Jesus tem como base os textos bíblico de Êxodo 14, Josué 6,  falam da peregrinação do povo de Israel em busca de uma terra prometida uma terra de fartura e de liberdade. O povo de Israel tinha saído da escravidão do Egito e marchava para terra da liberdade.
A marcha para Jesus é para os fieis a marcha para uma vida melhor, o ato profético que é feito na marcha tem como objetivo tirara a dominação do mal, do opressor e entregar a cidade nas mãos de Deus, como uma batalha entre o bem e mal entre o opressor e o libertador.
A Marcha é um reflexo de pessoas oprimidas socialmente não tendo armas para lutar contra o seu opressor social físico, utiliza da fé como arma de luta contra um dominador da qual pode enfrentar.
Como diz Marx o Estado produz a sociedade e a sociedade produz a religião, uma consciência invertida de mundo, porque são um mundo invertido. Quando no ato simbólico os fieis fazem o tão profético de  tirar a cidade do mal e entregar nas mãos de Deus, os indivíduos ali presente estão colocando a esperança de um mundo melhor em Deus, é o suspiro da criatura oprimida.
O evento proporciona aos seus participantes um momento de lazer que estes oprimidos não têm por suas condições sociais, ali passa ser um momento de lazer e diversão, o individuo alienado pelo sistema encontra a sua libertação.
A Marcha traduz o reflexo ilusório, das relações de dominação de classe, de exploração o individuo, a Marcha no seu momento leva o participante a ilusão de estar conquistando o bem o melhor para sua vida, assim como povo hebreu marchou pela terra prometida para fugir da opressão, assim os fieis marcham para alcançar a terra prometida sem exploração.
O numero de pessoas que aumenta o cada ano na marcha e a realidade social do país, expressa a realidade social. A tendência da marcha e crescer enquanto a insatisfação social continuar aumentando. Para Marx o fim da religião só aconteceria com a transformação social. Para Marx a miséria religiosa é, de um lado, a expressão da miséria real e, de outro, o protesto contra a miséria real. No entanto o Brasil é um capo fértil para os grandes eventos de promoção social da fé. No país em que pessoas morrem na fila de um hospital sem atendimento, crianças e jovens não tem uma educação descente e o salário é o mínimo do mínimo, a sociedade precisa de uma válvula de escape, um salto pra tentar respirar.
A Marcha para Jesus, deixa de ser apenas um evento gospel e passa a ser uma demonstração da realidade social. A insatisfação social e a luta pelo mundo melhor, torna-se um objetivo da participação social, uma participação sem perceber ou alienado pela pregação de alguém que está mobilizando o povo a participar do evento, a Marcha para Jesus é o suspiro da criatura oprimida.

TEIXEIRA, Faustino.(org). Sociologia da Religião: Enfoques teóricos. Petrópolis: Vozes, 2003.p 13-35.

 




[1] www.marchaparajesus.com.br > visita 12/07/2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário