Marcha para Jesus: o
suspiro da sociedade oprimida.
O presente trabalho tem como objetivo analisar um fenômeno religioso
sobre olhar teórico da sociologia. O objeto é analisar é a Marcha para Jesus um
evento de grande proporção realizado pela Igreja Renascer em Cristo.
Segundo o endereço eletrônico da Marcha para Jesus[1], a
Marcha tem como fundamento as pesagens bíblicas de Êxodo 14, Josué 6 e João
13:35, as passagens bíblicas do Antigo Testamento falam de
peregrinação do povo hebreu até a terra prometida. A passagem do evangelho Jesus declara que conhecerão
os discípulos deles, se tiver amor um pelos outros. Segundo os organizadores a
Marcha é uma oportunidade de comunhão
entre os membros de outra denominação.
De acordo com o relato no endereço eletrônico da Marcha, todos os anos a
Marcha para Jesus têm revelado, em âmbito mundial, o poder da misericórdia de Deus. Testemunhos de cura, libertação e
restauração.
Em 1897 ocorreu a primeira Marcha para Jesus, foi na cidade de Londres,
tendo como líder o pastor Roger Foster, pelo cantor e compositor Graham
Kendrick, e outros. A intenção da primeira Marcha era tirar era tirar a
igreja das quatro paredes e mostrar que ela estava viva e presente na sociedade .
Em 1989, mais de 45 localidades realizou a Marcha em todo o Reino unido,
informação encontrada no endereço eletrônico,
na capital da Irlanda, 6 mil
católicos e protestantes se reuniram
para Marcha.
Em 1990 a
Marcha se tornou um evento de proporções continentais, ocorrendo em toda Europa , . Em 1992, a Marcha para
Jesus já se tornava em um movimento mundial, chegando a América,
África e Ásia. No Brasil a primeira Marcha foi realizada em 1993, ganhando
proporções de pessoas em cada ano que passa, e em diversas cidades do mundo a
Marcha reúne milhares de pessoas.
A Marcha para Jesus ocorre todo ano em varias cidades do mundo, é um ato
pacifico, onde a igreja tem o objetivo de mostrar que ela faz presença na
sociedade. As pessoas que participam da marcha para Jesus são de todas as
idades, onde elas se manifestam de diversas maneiras com faixas, bandeiras
roupas colorida uma demonstração de felicidade e demonstrando para as pessoas
que elas estão ali para mostrar o amor de Deus e a alegria de ser um crente
participante.
O projeto de Lei de autoria do Senador Marcelo Crivella, que institui o
dia da Marcha para Jesus, foi aprovada pela comissão de Justiça e sancionada
pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 3 de setembro de 2009. A Lei tem como
objetivo oficializar o evento, que já acontece regularmente em diversas cidades
brasileiras, com respaldo de leis municipais. De acordo com a Lei, o Dia
Nacional da Marcha para Jesus, será comemorado, anualmente no primeiro sábado
subseqüente aos sessenta dias após o
Domingo de Páscoa, o Projeto foi publicado no Diário Oficial da União em 04 de
setembro de 2009.
A Marcha para Jesus não é apenas uma passeata pelas ruas da cidade, mas
no evento acontece apresentação musical com artistas, e cantores evangélicos
Gospel pregações de pastores e orações. No memento da Marcha é realizado os
chamado ato profético, através de orações e de palavras de benção os fieis
acreditam tomar posse da cidade, adquirindo o símbolo de tomada de posse da
nação. Esse ato é a luta contra o mal, a chamada batalha espiritual, derrotando
o mal que está na cidade e entregando a cidade para Deus.
O grande número de cantores evangélicos, a participação de vários
artistas gospel, e a mensagem atual pregada na Marcha, atraem crentes de todas
as denominações, até mesmo católicos como mostra o endereço eletrônico do
evento. A marcha para Jesus é antes de qualquer coisa um atrativo de rebanhos
principalmente de jovens, a tração proposta pelos organizadores da Marcha,
neste caso a Igreja Renascer em Cristo sobre liderança do Apostolo Esteves
Hernandes e da sua esposa Sônia Hernandes.
A Igreja Renascer em Cristo, através da Marcha para Jesus usa está marcha
como meio de propagar e atrair fiéis. A
idéia de tirar igreja do meio de quatro paredes é apresentar as pessoas um
modelo a ser experimentado de religião.
Para fazer uma analise sociológico da religião será utilizado o
embasamento teórico de Karl Marx. Marx foi economista, sociólogo, historiador
teórico e politípico, foi fundador da doutrina comunista. Interessou-se com
mais fervor pela temática religiosa nos primeiros anos de sua atividade
intelectual , assunto que mais tarde aparece em sua obra apenas sobre forma de afirmações
esparsas , fato que de modo
algum designa uma postura menos critica
deste autor da religião. Seu trabalho perpassa por um recorte econômico
social, via analise da estrutura de
classe e de suas relações na produção de capital.
Numa primeira fase de sua crítica a religião, Marx segue basicamente o
pensamento de outro autor alemão Feurbach. Na analise da religião Marx diz que o homem não é um ser
abstrato, fora do mundo. O
homem é o mundo dos homens, o Estado, a
sociedade. Este Estado, esta sociedade, produzem a religião, uma consciência invertida
do mundo, porque é um mundo invertido. A religião não é originaria, mas produto
de um mundo dividido. A miséria
religiosa é, de um lado, a expressão da
miséria real e, de outro, o protesto
contra a miséria real.
Para Marx a religião e o suspiro da criatura oprimida, o coração de um
mundo sem coração, assim como é o espírito de uma situação carente de espírito.
Marx chegou a dizer que a religião é o ópio do povo, para ele o homem
alienado gera a necessidade da religião.
O homem busca na religião como ópio de que precisa para suportar a divisão, a miséria real.
Marx após tratar a religião como ópio do povo, na sua obra Ideologia
Alemã, Marx considera na religião como ideologia. Para ele a religião é o
reflexo ilusório, fantástico, das relações de dominação de classe, de
exploração, as idéias religiosas exprimem, justificam e escondem
a realidade da dominação. A
religião é ideologia, falsa consciência.
Para Marx o mundo religioso é o reflexo do mundo real. A religião neste sentido não
desaparecera como fruto de uma luta anti-religiosa, mas como efeito da
transformação social.
Marx afirma que a religião não terá mais razão de ser enquanto a vida
social aparecer como obra de homens livremente associados, agindo
conscientemente e mestres de seu próprio movimento.
As teorias sociais de Marx serão aqui utilizadas para fazer uma analise
da Marcha para Jesus. A Marcha pra Jesus tem como base os textos bíblico de
Êxodo 14, Josué 6, falam da peregrinação
do povo de Israel em busca de uma terra prometida uma terra de fartura e de
liberdade. O povo de Israel tinha saído da escravidão do Egito e marchava para
terra da liberdade.
A marcha para Jesus é para os fieis a marcha para uma vida melhor, o ato
profético que é feito na marcha tem como objetivo tirara a dominação do mal, do
opressor e entregar a cidade nas mãos de Deus, como uma batalha entre o bem e
mal entre o opressor e o libertador.
A Marcha é um reflexo de pessoas oprimidas socialmente não tendo armas
para lutar contra o seu opressor social físico, utiliza da fé como arma de luta
contra um dominador da qual pode enfrentar.
Como diz Marx o Estado produz a sociedade e a sociedade produz a
religião, uma consciência invertida de mundo, porque são um mundo invertido. Quando
no ato simbólico os fieis fazem o tão profético de tirar a cidade do mal e entregar nas mãos de
Deus, os indivíduos ali presente estão colocando a esperança de um mundo melhor
em Deus, é o suspiro da criatura oprimida.
O evento proporciona aos seus participantes um momento de lazer que estes
oprimidos não têm por suas condições sociais, ali passa ser um momento de lazer
e diversão, o individuo alienado pelo sistema encontra a sua libertação.
A Marcha traduz o reflexo ilusório, das relações de dominação de classe,
de exploração o individuo, a Marcha no seu momento leva o participante a ilusão
de estar conquistando o bem o melhor para sua vida, assim como povo hebreu
marchou pela terra prometida para fugir da opressão, assim os fieis marcham
para alcançar a terra prometida sem exploração.
O numero de pessoas que aumenta o cada ano na marcha e a realidade social
do país, expressa a realidade social. A tendência da marcha e crescer enquanto
a insatisfação social continuar aumentando. Para Marx o fim da religião só
aconteceria com a transformação social. Para Marx a miséria religiosa é, de um
lado, a expressão da miséria real e, de outro, o protesto contra a miséria
real. No entanto o Brasil é um capo fértil para os grandes eventos de promoção
social da fé. No país em que pessoas morrem na fila de um hospital sem
atendimento, crianças e jovens não tem uma educação descente e o salário é o mínimo
do mínimo, a sociedade precisa de uma válvula de escape, um salto pra tentar
respirar.
A Marcha para Jesus, deixa de ser apenas um evento gospel e passa a ser
uma demonstração da realidade social. A insatisfação social e a luta pelo mundo
melhor, torna-se um objetivo da participação social, uma participação sem
perceber ou alienado pela pregação de alguém que está mobilizando o povo a
participar do evento, a Marcha para Jesus é o suspiro da criatura oprimida.
TEIXEIRA,
Faustino.(org). Sociologia da Religião:
Enfoques teóricos. Petrópolis: Vozes, 2003.p 13-35.