Questão de fé

Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus. Pois está escrito:

Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos instruídos.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Marcha para Jesus: o suspiro da sociedade oprimida.



Marcha para Jesus: o suspiro da sociedade oprimida.

O presente trabalho tem como objetivo analisar um fenômeno religioso sobre olhar teórico da sociologia. O objeto é analisar é a Marcha para Jesus um evento de grande proporção realizado pela Igreja Renascer em Cristo.
Segundo o endereço eletrônico da Marcha para Jesus[1], a Marcha tem como fundamento as pesagens bíblicas de Êxodo 14, Josué 6 e João 13:35, as passagens bíblicas do Antigo Testamento  falam de  peregrinação do povo hebreu até a terra prometida.  A passagem do evangelho Jesus declara que conhecerão os discípulos deles, se tiver amor um pelos outros. Segundo os organizadores a Marcha é uma oportunidade  de comunhão entre os membros de outra denominação.
De acordo com o relato no endereço eletrônico da Marcha, todos os anos a Marcha para Jesus têm revelado, em âmbito mundial, o poder da misericórdia  de Deus. Testemunhos de cura, libertação e restauração. 
Em 1897 ocorreu a primeira Marcha para Jesus, foi na cidade de Londres, tendo como líder o pastor Roger Foster, pelo cantor e compositor Graham Kendrick, e outros. A intenção da primeira Marcha era tirar era tirar a igreja  das quatro paredes  e mostrar que ela estava viva  e presente na sociedade .
Em 1989, mais de 45 localidades realizou a Marcha em todo o Reino unido, informação encontrada no endereço eletrônico,  na capital da Irlanda,  6 mil católicos  e protestantes  se reuniram  para Marcha.
Em 1990 a Marcha  se tornou um evento  de proporções continentais, ocorrendo em toda Europa, . Em 1992, a Marcha para Jesus  já se tornava  em um movimento mundial, chegando a América, África e Ásia. No Brasil a primeira Marcha foi realizada em 1993, ganhando proporções de pessoas em cada ano que passa, e em diversas cidades do mundo a Marcha reúne milhares de pessoas.
A Marcha para Jesus ocorre todo ano em varias cidades do mundo, é um ato pacifico, onde a igreja tem o objetivo de mostrar que ela faz presença na sociedade. As pessoas que participam da marcha para Jesus são de todas as idades, onde elas se manifestam de diversas maneiras com faixas, bandeiras roupas colorida uma demonstração de felicidade e demonstrando para as pessoas que elas estão ali para mostrar o amor de Deus e a alegria de ser um crente participante.
O projeto de Lei de autoria do Senador Marcelo Crivella, que institui o dia da Marcha para Jesus, foi aprovada pela comissão de Justiça e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 3 de setembro de 2009. A Lei tem como objetivo oficializar o evento, que já acontece regularmente em diversas cidades brasileiras, com respaldo de leis municipais. De acordo com a Lei, o Dia Nacional da Marcha para Jesus, será comemorado, anualmente no primeiro sábado subseqüente  aos sessenta dias após o Domingo de Páscoa, o Projeto foi publicado no Diário Oficial da União em 04 de setembro de 2009.
A Marcha para Jesus não é apenas uma passeata pelas ruas da cidade, mas no evento acontece apresentação musical com artistas, e cantores evangélicos Gospel pregações de pastores e orações. No memento da Marcha é realizado os chamado ato profético, através de orações e de palavras de benção os fieis acreditam tomar posse da cidade, adquirindo o símbolo de tomada de posse da nação. Esse ato é a luta contra o mal, a chamada batalha espiritual, derrotando o mal que está na cidade e entregando a cidade para Deus.
O grande número de cantores evangélicos, a participação de vários artistas gospel, e a mensagem atual pregada na Marcha, atraem crentes de todas as denominações, até mesmo católicos como mostra o endereço eletrônico do evento. A marcha para Jesus é antes de qualquer coisa um atrativo de rebanhos principalmente de jovens, a tração proposta pelos organizadores da Marcha, neste caso a Igreja Renascer em Cristo sobre liderança do Apostolo Esteves Hernandes e da sua esposa Sônia Hernandes.
A Igreja Renascer em Cristo, através da Marcha para Jesus usa está marcha como meio de propagar e atrair fiéis.  A idéia de tirar igreja do meio de quatro paredes é apresentar as pessoas um modelo a ser experimentado de religião.
Para fazer uma analise sociológico da religião será utilizado o embasamento teórico de Karl Marx. Marx foi economista, sociólogo, historiador teórico e politípico, foi fundador da doutrina comunista. Interessou-se com mais fervor  pela temática religiosa  nos primeiros anos de sua  atividade  intelectual , assunto que mais tarde aparece em sua obra  apenas sobre forma  de afirmações  esparsas , fato que  de modo algum  designa  uma postura menos  critica  deste autor da religião. Seu trabalho perpassa por um recorte econômico social, via analise  da estrutura de classe  e de suas relações  na produção de capital.
Numa primeira fase de sua crítica a religião, Marx segue basicamente o pensamento de outro autor alemão Feurbach. Na analise da religião Marx  diz que o homem  não é um ser  abstrato,  fora do mundo. O homem  é o mundo dos homens, o Estado, a sociedade. Este Estado, esta sociedade, produzem a religião, uma consciência invertida do mundo, porque é um mundo invertido. A religião não é originaria, mas produto de um mundo dividido.  A miséria religiosa é, de um lado, a expressão  da miséria real e,  de outro, o protesto contra a miséria  real.
Para Marx a religião e o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, assim como é o espírito de uma situação carente de espírito.
Marx chegou a dizer que a religião é o ópio do povo, para ele o homem alienado gera  a necessidade  da religião.  O homem busca na religião como ópio de que precisa  para suportar a divisão, a miséria real.
Marx após tratar a religião como ópio do povo, na sua obra Ideologia Alemã, Marx considera na religião como ideologia. Para ele a religião é o reflexo ilusório, fantástico, das relações de dominação de classe, de exploração, as idéias  religiosas  exprimem, justificam  e escondem  a realidade  da dominação. A religião é ideologia, falsa consciência.
Para Marx o mundo religioso é o reflexo do  mundo real. A religião neste sentido não desaparecera como fruto de uma luta anti-religiosa, mas como efeito da transformação social.
Marx afirma que a religião não terá mais razão de ser enquanto a vida social aparecer como obra de homens livremente associados, agindo conscientemente e mestres de seu próprio movimento.
As teorias sociais de Marx serão aqui utilizadas para fazer uma analise da Marcha para Jesus. A Marcha pra Jesus tem como base os textos bíblico de Êxodo 14, Josué 6,  falam da peregrinação do povo de Israel em busca de uma terra prometida uma terra de fartura e de liberdade. O povo de Israel tinha saído da escravidão do Egito e marchava para terra da liberdade.
A marcha para Jesus é para os fieis a marcha para uma vida melhor, o ato profético que é feito na marcha tem como objetivo tirara a dominação do mal, do opressor e entregar a cidade nas mãos de Deus, como uma batalha entre o bem e mal entre o opressor e o libertador.
A Marcha é um reflexo de pessoas oprimidas socialmente não tendo armas para lutar contra o seu opressor social físico, utiliza da fé como arma de luta contra um dominador da qual pode enfrentar.
Como diz Marx o Estado produz a sociedade e a sociedade produz a religião, uma consciência invertida de mundo, porque são um mundo invertido. Quando no ato simbólico os fieis fazem o tão profético de  tirar a cidade do mal e entregar nas mãos de Deus, os indivíduos ali presente estão colocando a esperança de um mundo melhor em Deus, é o suspiro da criatura oprimida.
O evento proporciona aos seus participantes um momento de lazer que estes oprimidos não têm por suas condições sociais, ali passa ser um momento de lazer e diversão, o individuo alienado pelo sistema encontra a sua libertação.
A Marcha traduz o reflexo ilusório, das relações de dominação de classe, de exploração o individuo, a Marcha no seu momento leva o participante a ilusão de estar conquistando o bem o melhor para sua vida, assim como povo hebreu marchou pela terra prometida para fugir da opressão, assim os fieis marcham para alcançar a terra prometida sem exploração.
O numero de pessoas que aumenta o cada ano na marcha e a realidade social do país, expressa a realidade social. A tendência da marcha e crescer enquanto a insatisfação social continuar aumentando. Para Marx o fim da religião só aconteceria com a transformação social. Para Marx a miséria religiosa é, de um lado, a expressão da miséria real e, de outro, o protesto contra a miséria real. No entanto o Brasil é um capo fértil para os grandes eventos de promoção social da fé. No país em que pessoas morrem na fila de um hospital sem atendimento, crianças e jovens não tem uma educação descente e o salário é o mínimo do mínimo, a sociedade precisa de uma válvula de escape, um salto pra tentar respirar.
A Marcha para Jesus, deixa de ser apenas um evento gospel e passa a ser uma demonstração da realidade social. A insatisfação social e a luta pelo mundo melhor, torna-se um objetivo da participação social, uma participação sem perceber ou alienado pela pregação de alguém que está mobilizando o povo a participar do evento, a Marcha para Jesus é o suspiro da criatura oprimida.

TEIXEIRA, Faustino.(org). Sociologia da Religião: Enfoques teóricos. Petrópolis: Vozes, 2003.p 13-35.

 




[1] www.marchaparajesus.com.br > visita 12/07/2010

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

História das Assembleias de Deus e a Sociologia da Religião em Max Weber

A sociologia da Religião em Max Weber

Max Weber em seus estudos privilegiou o estudo da religião dedicando ao estudo do fenômeno religioso dando uma contribuição para a sociologia da religião. Weber faz uma sociologia diferente, pois ele não preocupava com as origens das religiões. Weber em seus estudos procurava entender as ideias das religiões são produzidas e difundidas na sociedade e quais as suas causa e conseqüências destas idéias na sociedade.

O estudo da Sociologia da Religião proposto por Max Weber não usava um modelo funcionalista ou o determinismo, e não aceitava o modelo marxista de religião como alienação. Em seu trabalho Weber buscava compreender a sociedade moderna ocidental, que para ele esta sociedade era resultado de fatores históricos que combinou com o contexto da civilização ocidental judaico cristão (TEIXEIRA, 2007, 68).

A religião entendida como elemento fundamental da conduta humana nas diferentes sociedades, facilita o compreender melhor os motivos e intenções de um conjunto de ações sociais (TEIXEIRA, 75). Weber partindo das comparações históricas das diversas práticas religiosas cria tipos ideais. Os tipos ideais proposto por Weber direcionam o olhar para perceber as peculiaridades das tradições religiosas como o protestantismo e a tradição judaica cristã. Os tipos ideais para Weber são construções heurísticas que não representam nenhum fenômeno empírico. São apenas um recurso metodológico, com valor exclusivamente instrumental (TEIXERA 78). Os tipos ideias não correspondem à realidade, mas através dos tipos ideias pode ajudar na compreensão do fenômeno.

Weber utiliza os tipos ideais de ação social como à legitimação de poder dos profissionais religiosos especializados, um desses tipos ideais é o carisma. Para ele o carisma é a qualidade que possui um indivíduo, um dom especial, uma qualidade extraordinária, por exemplo, os profetas do antigo Israel. O individuo que possui o carisma é dotado de um poder sobrenatural ou divino que os outros não possuem, pois somente o individuo que detém o carisma foi agraciado por Deus ou por uma divindade superior.

Max Weber trabalha com três tipos ideais de atores religiosos o sacerdote o profeta e o mago. A definição dada por Weber para cada ator religioso e diferente da definição teológica. Cada ator é dado uma definição conforme as observações feitas por Weber definido como tipos ideias para um estudo da Sociologia da Religião proposto por Max Weber.

O sacerdote como tipo ideal e o individuo que está ligado a uma instituição é o funcionário da religião. O sacerdote é aquele que detém o monopólio o conhecimento, é ele que pode levar o individuo a divindade. O sacerdote é o burocrata da religião, seu carisma não lhe pertence, mas a instituição. O Sacerdote é responsável em manter a ordem a lógica do culto sem ultrapassar o que está posto e quando alguém tenta estabelecer nova ordem ou modelo o sacerdote repreende como heresia.

O profeta proposto por Max Weber como modelo ideal é o indivíduo que possui carisma que lhe é atribuído e socialmente reconhecido. O profeta diferente do sacerdote não é um burocrata ou um mantenedor da ordem, mas é o individuo que no momento da crise ele aparece como alguém para dar soluções. Através do seu carisma propõe rupturas produzindo novas formas religiosas. A atuação do profeta é combatida pelo sacerdote que desclassifica o profeta, diante desta situação o profeta junto com seu grupo ou seguidores forma uma seita.

O mago e o individuo diferente do sacerdote ou do profeta, pois ambos pertencem a uma instituição, o mago não está ligado a nenhuma instituição. O mago é o indivíduo que trabalha de forma autônoma e isolada. O mago é o indivíduo que detém o carisma e por ser possuidor deste carisma ele e capaz de negociar com a divindade a fazer o que ele ordenar. O mago não possui uma igreja, mas uma clientela que vai até ele para pedir um serviço exclusivo para atender suas necessidades imediatas. O mago utiliza dos meios simbólicos do sacerdote, em seu trabalho o mago rouba e manipula os bens religiosos. No entanto o mago e desclassificado pelo sacerdote e pelo profeta, pois ele atua na clandestinidade do trabalho religioso.
O surgimento do pentecostalismo no Brasil sobre um olhar da Sociologia da Religião.

Utilizando dos tipos ideias da Socióloga da Religião feita por Max Weber, pode-se perceber o movimento no campo religioso. Quando olhamos para o modelo do protestantismo no Brasil que gerou o pentecostalismo e o neo-pentecostalismo podemos utilizar o modelo proposto por Max Weber.

Em 2011, no Brasil a maior Igreja pentecostal do país, a Assembléia de Deus, completa cem anos de existência. Ao ler a história do surgimento das Assembléias de Deus deparamos com fatores que podem ser entendidos dentro dos modelos ideias proposto por Max Weber.

Segundo a história narrada por Emílio Conde, a Assembléia de Deus surge no Brasil através de dois missionários que moravam nos Estados Unidos, Daniel Berg e Gunnar Vingren. Os missionários tiveram uma visão de que deveriam partir para pregar o evangelho e o movimento pentecostal para uma missão na cidade de Belém do Para no Brasil.

Os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren eram da Suécia e foram para os Estados Unidos fugindo da crise econômica que passava a Suécia no inicio do século XX. Daniel Berg e Gunnar Vingren pertenciam a religião batistas e participaram do fenômeno chamado de Avivamento Pentecostal que aconteceu em Los Angeles, este fenômeno era caracterizado por falar em novas línguas, ou a língua do Espírito Santo. Este fenômeno baseado no texto bíblico de Atos dos apóstolos em que narra o momento que os discípulos começaram a falar em outras línguas (CONDE 2006).

Os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren tiveram a visão que dizia que os dois foram designados anunciar o evangelho e o avivamento pentecostal no Brasil. Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram ao Brasil na cidade do Belém no estado do Para no ano de 1910(CONDE, 2006, p 26).

Daniel Berg e Gunnar Vingren não vieram com intuito de começar uma nova seita, mas anunciar na igreja do Brasil o que estava acontecendo nas igrejas dos Estados Unidos. (CONDE, 2006, p 29). Ao falar da nova experiência religiosa que estava acontecendo nos Estados Unidos, o pastor responsável pela Igreja Batista onde Daniel Berg e Gunnar Vingren estavam congregando proibiu Berg e Vingren de falar sobre o fenômeno dizendo que tudo aquilo não passava de heresia.

Sobre o olhar da Sociologia proposto por Max Weber, o sacerdote tem a função de manter a ordem da instituição e desqualificar o profeta. Neste caso os missionários estavam apresentando algo novo para a comunidade, com um carisma, mas logo foram desqualificados pelo sacerdote.

Apesar do líder da igreja Batista desqualificar os missionários, existia um pequeno grupo na igreja que se ajuntaram aos missionários querendo participar da experiência proposta pelos missionários. O pequeno grupo, logo estava participando dos ensinamentos de Daniel Berg e Gunnar Vingren e tiveram a participar da experiência religiosa, o falar em línguas (CONDE, 2006, p. 30).

Diante das manifestações do fenômeno no pequeno grupo daquela igreja Batista, influenciados pelos dois missionários, surgiu uma batalha dentro do templo entre o pequeno grupo que seguia os missionários e os outros que eram contra a nova doutrina.

No dia dois de junho de 1911, durante o culto realizado a noite, o ambiente dedicado antes a louvores a Deus e à pregação, foi transformado em um verdadeiro campo de batalha, com muita disputa de ponto de vista e duelos de palavras. Alguns crentes, aferrados a um tradicionalismo sem qualquer base bíblica, ameaçavam exaltadamente em punir, castigar ou desprezar os partidários da doutrina pentecostal (CONDE, 2006, p 31).
Esta dissensão ocorrida dentro desta igreja era resultado da defesa daqueles que queriam manter a tradição, manter o monopólio, contra aqueles, os profetas, que apresentaram uma nova realidade ou um novo produto para consumidores que estavam propostos a adquiri-los. Os missionários não tinham nenhuma pretensão de fundar uma nova seita ou religião apenas chegaram com uma linguagem nova e encontraram pessoas que estavam prontas a receber.

Depois de toda embate dentro da igreja o pequeno grupo que era a favor dos missionários e da nova doutrina foram expulsos daquela igreja. A expulsão dos infiéis foi um resultado de um embate no campo religioso, pois aqueles que possuíam o monopólio da salvação sentiram ameaçados diante da oferta proposta pelos profetas.

Segundo a história da igreja Assembléia de Deus, dezessete pessoas entre elas Daniel Berge e Gunnar Vingrer foram expulsos da igreja Batista. Este grupo apoiava os missionários e creditavam na nova doutrina que eles pregavam. O carisma dos missionários ou profetas como proposto por Max Weber gerou uma rupturas produzindo novas formas religiosas.

Após os empolgantes acontecimentos que duraram exatamente dez dias, arbitrariamente da Igreja Batisa, o pequeno grupo, no dia 18 de junho de 1911, junto com Daniel Berg e Gunnar Vingren, na rua Siqueira Mendes, 67, em Belém fundava-se a Assembléia de Deus (CONDE, 2006, p. 32).

Segundo Max Weber a atuação do profeta é combatida pelo sacerdote que desclassifica o profeta, diante desta situação o profeta junto com seu grupo ou seguidores forma uma seita. A Assembléia de Deus surgiu como uma pequena sita que reunia um grupo de dezessete pessoas em volta de dois lideres.
Os acontecimentos que culminaram com a fundação da Assembléia de Deus repercutiram profundamente entre as varias denominações evangélicas. Porem o que sacudiu mais fortemente os chamados crentes históricos foi a atividade e o zelo dos membros da igreja recém-formada. O medo em que a Assembléia de Deus viesse a absorver as demais denominações fez com que estas se unissem para combater o movimento pentecostal. (CONDE, 2006, p. 33)
A Assembléia de Deus começa como uma pequena sita combatida pelas igrejas históricas tradicionais. Segundo Pierre Bourdieu este combate no campo religioso e gerado pelos que possuem o capital especifico que detém o monopólio da salvação. E que possuem a legitimidade para fazer exclusão dos hereges (BOURDEIU, 2002, p59).

A pequena sita que começou com dezessete pessoas em torno de dois missionários, foi ganhando novos adeptos se organizando até tornar uma igreja. Surge então no Brasil uma igreja com uma nova doutrina pentecostal com seu corpo eclesiástico, uma instituição chamada Assembléia de Deus.

Segundo Bourdieu, a seita que alcança êxito tende a se torna igreja, depositaria e guardiã de uma ortodoxia, identificada por suas hierarquias e seus dogmas, fadada a suscitar uma nova reforma (BOURDIEU, 2002, p.60). A instituição organizada com seu sacerdote e com o seu capital religioso logo sofre a concorrência de outros agentes religiosos que apresentam novas mercadorias os consumidores em busca de novidades.

Depois que Assembléia de Deus se institucionalizou surgiu outras seitas dentro desta instituição, pois a instituição tenta manter sua doutrina ortodoxa, mas chega a um determinado momento que é necessário ocorrer uma reforma. Esta reforma é necessária, pois existe uma oferta de bens simbólicos de salvação em que o sacerdote confere aquilo que é legitimo e aquilo que não é legitimo nesta hora aparece outros agentes, o profeta e o mago.

A formação de seita e igreja está dentro da dinâmica do campo religioso que se mobiliza dentro de seu capital específico o capital religioso, e de sua posse. Nesse caso a distribuição do capital religioso ira determinar a posição de cada agente religioso e suas disposições diante do mercado de bens simbólicos.

A disputa no campo religioso segundo Bourdieu ocorre ente o sacerdote o profeta e o mago, Bourdieu no seu trabalho na sua sociologia da religião utilizou elementos de Weber. Para Bourdieu, o profeta não é tanto o homem extraordinário como fala Weber, mas o homem das situações extraordinárias, sendo a linguagem que ele detém a do exorcismo. A sociologia da Religião de Bourieu é a sociologia do campo religioso, ele trabalha esta lógica como uma lógica mercadológica em que possui a oferta, produtores, consumidores e concorrência.

A sociologia proposta por Bourdieu que tem uma inspiração em Max Weber, denomina o sacerdote como o home da ordem ordinária, aquele que detém o monopólio da salvação. O sacerdote é aquele que tem o poder de desqualificar o profeta e o mago. No caso da Assembléia de Deus percebe que os pequenos grupos junto com os missionários foram desqualificados pelos representantes da igreja Batista. Os dois missionários estavam apresentando uma nova mercadoria era uma concorrência para aqueles que possuíam o monopólio da salvação.

O mago ou feiticeiro, para Bourdieu e aquele que vai pela contra mão, ele não está ligado a nenhuma instituição, ele rouba as praticas os rituais dos sacerdotes para vender o seu produto. O mago diferente do profeta, pois enquanto o profeta esta ligado a uma instituição e tenta exercer seu poder religioso o mago esta apenas apresentando um produto imediato para clientes que estão sempre em busca de novos produtos.

No entanto o campo religioso brasileiro com relação às igrejas históricas, pentecostais e neopentecostais, pode se observar um espaço de concorrência entre os detentores dos bens simbólicos de salvação. Nesta dinâmica do campo religioso estão presentes os três atores, o sacerdote o profeta e o mago que disputam o tempo todo para manter a posse do monopólio e a máxima concentração de capital.

domingo, 4 de julho de 2010

Constituinte da Ciência da Religião: cinco ensaios em prol de uma disciplina autônoma. Autor: Dr. Frank Usarski

A presente resenha tem como objetivo apresentar o livro Constituinte da Ciência da Religião: cinco ensaios em prol de uma disciplina autônoma. O livro é de autoria do Dr. Frank Usarski, pesquisador do Programa de Estudo de Pós-graduados em Ciências das Religiões da PUC-SP.


No livro Constituinte da Ciência da religião, Frank Usarski, reúne cinco ensaios publicados entre 2001 e 2005 dois como capítulos em antologias, e outros como artigos em periódicos.

Usarski propõem o discurso sobre Ciência da Religião como uma disciplina isolada, autônoma, defendendo pesquisa em Ciência da Religião, demonstrando as diferenças entre uma produção Teológica e a pesquisa cientifica da religião.

O primeiro capitulo é um ensaio e tem como titulo: O caminho da institucionalização da Ciência da Religião - Reflexões sobre a fase formativa da disciplina. O capitulo está dividido em seis tópicos. O primeiro tópico trata da problematizarão do tema nesta parte Usarski trata de apresentar a Ciência da Religião.

O segundo tópico do primeiro ensaio com o titulo: Uma caracterização de tipo ideal da Ciência da Religião como ponto de partida. Nesse tópico Usarski apresenta a Ciência da Religião como autônoma da Teologia, uma Ciência da Religião sem filiação isenta de motivos religioso, principalmente cristão.

Pré-requisitos espirituais e socioculturais para institucionalização acadêmica da Ciência da Religião, esse é o titulo do terceiro tópico do primeiro ensaio. Neste tópico trata-se de um breve histórico do estudo da religião, um estudo histórico baseado no cristianismo como fonte primaria de analise de religião até se desenvolver uma Ciência da Religião desvinculada com a um modelo religioso.

O quarto tópico do primeiro ensaio tem o titulo: Pré-requisitos instrumentais para a institucionalização Acadêmica da Religião. Neste tópico o autor destaca que o estudo sistemático das religiões ocorre no período do descobrimento, no momento que os colonizadores entraram em contato com manifestações religiosas diferente. A filologia no contato com o novo surge a curiosidade de estudar o outro.

O papel de Max Muller para a consolidação da ciência da religião e o titulo do quinto tópico do primeiro ensaio. No quinto tópico o autor descreve o surgimento do termo ciência da Religião, percorrendo por alguns pesquisadores o autor mostra que Max Muller em uma de suas publicações utilizou o termo Ciência da Religião.

O sexto tópico é o ultimo do primeiro ensaio, e tem como titulo: A institucionalização da Ciência da Religião como disciplina acadêmica autônoma. O autor no sexto tópico descreve a trajetória da Ciência da Religião como disciplina acadêmica autônoma e seus principais representantes e escolas.

O segundo capitulo é uma síntese com o titulo: Os enganos sobre o sagrado – uma síntese da critica ao ramo clássico da Fenomenologia da Religião e seus conceito-chave. A síntese está dividida em quatro partes, sendo a primeira parte a introdução da síntese e a quarta parte a conclusão. A segunda parte com o titulo: As implicações ontológicas e antropológicas da fenomenologia da religião e as consequências para a abordagem ao mundo religioso empírico.

A critica a Fenomenologia da Religião é a terceira parte do segundo capitulo, nesta parte o autor discorre o tema em vários tópicos, onde ele discorre sobre a fenomenologia da Religião, citando autores utilizando legendas para desenvolver suas explicações.

O perfil paradigmático da Ciência da Religião na Alemanha é o terceiro capitulo do livro, e um texto dividido em seis partes. No texto o autor utiliza o conceito de paradigma de Thomas S. Kuhn, discorre o conceito de paradigma, expõe a Ciência da Religião em constante movimento, e não estagnada. No texto o autor perpassa por pontos de reflexão da Ciência da Religião, a tensão entre o reducionismo e a fenomenologia, o problema do próprio objeto de estudo e a questão disciplina ou campo disciplinar. O autor ainda levanta a problemática entre Ciência da Religião e a Teologia. No final do capitulo o autor levanta questão entre a diferença Da Ciência da Religião e seu ambiente externo.

O Titulo do quarto capitulo é: Descendo a torre de marfim, o impacto do discurso público sobre seitas na Ciência da Religião na Alemanha. O texto é dividido em quatro partes em que o autor fala da Ciência da Religião e sua importância social. Com tantas religiões na Alemanha, criou-se uma necessidade de pesquisa em Ciência da Religião.

O quinto capítulo com o titulo: O potencial da ciência da Religião de Critica ideológicas, o autor faz um esboço sistemático dividindo em quatro partes destacando questões como a doutrina de ídolos de Francis Bacon como base conceitual da reflexão sobre o potencial da critica á ideologia da Ciência da Religião.

O livro Constituinte da Ciência da Religião tem como objetivo esclarecer a disciplina Ciência da Religião. Os textos apresentados pelo autor esclarecem e amplia o conhecimento sobre a temática Ciência da Religião. Utilizando de exemplos do desenvolvimento da Ciência da Religião na Alemanha e toda a problemática em torno do assunto, o autor propõe um olhar especifico para a Ciência da Religião no Brasil, como uma disciplina autônoma e reconhecida como uma ciência importante nas academias.

Frank Usarski, de maneira clara e objetiva apresenta no livro cinco ensaios com questões da Ciência da Religião, deixando claro que a mesma não esta vinculada a uma religião ou filiada a Teologia, mas uma Ciência que tem seus métodos próprios do estudo da religião. A Ciência da Religião apresentada por Frank Usarski, não tem como objetivo de apontar o certo e o errado nas distintas religiões, mas a religião como objeto de estudo pelo cientista da religião.

O livro, Constituintes da Ciência da Religião de Frank Usarski é indicado para os pesquisadores da Ciência da Religião, para teólogos, filósofos, historiadores, sociólogos e aqueles que buscam maiores informações da disciplina que ainda é pouco conhecida e discutida no Brasil.

O livro e de fácil leitura, os textos apresentam citações e referências que enriquece o estudo e a pesquisa, nos textos são apresentado de forma bem clara e objetiva e o autor em alguns textos utiliza de legendas para explicar certos fenômenos, facilitando a leitura e enriquecendo os ensaios por ele apresentado.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Maquiavel e seus discípulos.

Este ano termina um período de quatro anos de mandato dos políticos na esfera federal e estadual. Muita coisa aconteceu nesse período, entre elas o que mais podemos destacar:
Corrupção, corrupção, corrupção...
Medidas tomadas neste período:
Nenhuma, pois os nossos políticos estão vacinados contra punição, a vacina que eles recebem ao chegar no poder, nome cientifico: IMUNIDADE PARLAMENTAR.
Esta vacina deixa o político imune às ações da justiça, CPI, Ministério Público, manifestações populares etc.
Todos os políticos tomam desta vacina, e ninguém faz cara feia, como as crianças que no dia de campanha de vacinação apronta um chororó, não querendo receber a vacina. A vacina aplicada principalmente em Brasília é atraente tem gosto de pizza.

E o povo?

Ah, o povo recebe as reações do efeito da vacina, durante os quatro anos. São apenas quatro anos e não da para fazer muita coisa (ironia), então se colocam em prática os conhecimentos de liderança, resultado da vacina. Faça a maldade de uma só vez e o bem aos poucos. Esta é a vacina para o povo, não tem gosto de pizza, mas tem outros nomes, Bolsa Família, Bolsa Escola, Bolsa Moradia, fim do IPI e tanta coisa boa que não da nem pra listar.
E a maldade?
Ah a maldade nos já esquecemos ela é aplicada em uma única dose, então só dói na hora depois passa.





sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O preço

Aquele Homem era muito amado, tinha um bom coração, estava sempre preocupado com as pessoas. Ele sempre saia as ruas para ajudar as pessoas, pessoas de todos os tipos, ricos, intelectuais, pobres, doentes, enfim seres humanos governados por corruptos.
A corrupção era tanta, que um dia varias pessoas, criminosos, devedores, rebeldes, seriam condenados. Mas aquele Homem,  o Homem do começo desta história, disse ao juiz pode deixar eu vou pagar por todos estes devedores.
Alguém que não tem culpa, se declara culpado para salvar a vida de outro. O justo pagando pelos injustos.
Cristo Jesus, não tinha pecado (justo), morrendo pelos pecadores (injustos), mas porque Cristo e não eu ou você. Paulo o apóstolo declara que por um só homem, Adão, entrou o pecado no mundo então todos morreram.
Esta morte é o que causa a separação entre Deus e o homem, o pecado. Todos os homens passaram a ter culpa diante de Deus uma divida. Não adiantaria eu pagar por esta divida, pois pagaria apenas a minha divida e mesmo assim não perderia o titulo de devedor.
Cristo, que não tinha nenhuma divida pagou a divida por nós e por isto hoje não somos mais devedores diante de Deus. Paulo disse que um justo morreu por todos, logo todos morreram. Isto é o homem foi reconciliado com Deus através do sacrifício de Cristo. Basta você acreditar, pois alguém pagou o preço por nós.
Apenas creia!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Quero falar

A rede é um dos meios de comunicação da atualidade, uma pessoa lá no canto do mundo publica o que pensa, e outra conhecida, lá no outro canto do mundo, (se é que o mundo tem canto), lê, escuta, vê, ou seja lá como for.
É assim mesmo fala o que quer, recebe as criticas que não gostaria.
Pensei muito neste assunto, cheguei a conclusão, quero falar tenho muita coisa a dizer, não sei se alguém vai entender. Quero falar.